Somente no Brasil, cerca de 12 mil suicídios são registrados todos os anos. Uma triste realidade cujo principal causador vem a ser a depressão.
Cientes disso, nós do Paradise Girl não poderíamos deixar de falar sobre um assunto tão importante no Sextembro Amarelo, o Setembro Amarelo dedicado às profissionais do sexo. Reunimos depoimentos de garotas de programa que já passaram por esta situação, para que você entenda que você não está sozinha, e que é possível sim vencer este quadro clínico.
Se você tem alguma colega de profissão que está passando por depressão, ou acha que você mesmo está nesta situação, leia este artigo com carinho.
Setembro Amarelo é a campanha de prevenção ao suicídio da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina.
A escolhe do mês de setembro para simbolizar a campanha se deu pelo fato de que, desde 2003, é comemorado no dia 10 o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio.
Confira também o Dr. Drauzio Varella falando sobre o assunto:
Para mais informações, basta acessar o site oficial da campanha Setembro Amarelo.
Apesar da grande mídia insistir em não noticiar casos do tipo, o suicídio é algo que costuma sim ocorrer dentro da prostituição. Em 2020 mesmo, vimos Brenda Paes partir de forma trágica.
Sua causa, grande parte das vezes, está associada à depressão, algo bem comum entre as profissionais do sexo.
Segundo uma pesquisa realizada pela Faculdade de Ciências Humanas da Fundação Mineira de Educação e Cultura (FUMEC), com 7.000 prostitutas de Belo Horizonte, 76% das garotas de programa apresentam sintomas de depressão e 36% confessaram que já pensaram em suicídio alguma vez na vida.
No ramo das garotas de programa, a depressão acaba sendo algo bem comum, devido a diversos fatores, entre eles:
Apesar das diversas pessoas entrando e saindo de suas vidas durante um dia de atendimento, não há uma verdadeira companhia. Amigos e familiares podem acabar se afastando por julgar a profissão, e no final do dia, acaba sendo só você.
“Muitas garotas de programa têm depressão e pensamentos suicidas, são desprezadas pela sociedade, desacreditadas pela família e até por elas mesmas.”
Andressa Urach para a Gazeta Web.
Nos grupos do Paradise Girl para garotas de programa, por diversas vezes vimos meninas citando a insegurança com relação aos clientes. Quem são, de onde vieram, o que estão planejando fazer, enfim… é sempre uma incógnita. Dificilmente há uma certeza de que a pessoa à caminho do seu local é de bem, confiável, e quer somente usufruir dos seus serviços.
Ouvir algo e não se abalar é algo bem complicado, principalmente quando sua vibe já não está das melhores. Com isso, ao atender um cliente passando por problemas, muitas das vezes as garotas acabam puxando um pouco daqui para si próprias.
“É muito difícil ter que lidar com todos os sentimentos de cada pessoa que a gente encontra. Às vezes a pessoa está triste porque terminou uma relação, perdeu um emprego, um ente querido, está se sentindo sozinho. Às vezes as pessoas estão se drogando com coisas pesadas. Essas sensações são passadas pra mim, ou seja, uma energia bem pesada.”
A atriz porno e acompanhante de luxo Yasmin Mineira se abre em entrevista concedida ao Paradise Girl.
Preste atenção nos seus hábitos recentes, detalhadamente, para perceber se você possui os sintomas da depressão. São eles:
A depressão e o comportamento suicida podem estar associados a diversos fatores. Com isso, é de extrema importância procurar ajuda médica o mais rápido possível.
Somente um especialista será capaz de julgar a melhor forma de tratamento.
Ao notar os sinais, chegou a hora de tomar os devidos cuidados para não agravar o quadro. Logo de cara, é preciso manter a calma, aceitar o que está acontecendo e focar em coisas boas.
Sim, é difícil pensar em algo que te faça feliz em um momento como esses, porém, é necessário um esforço da sua parte! Lembre-se do quão divertido era sair para comer com suas amigas, passar o final de semana na casa de familiares, viajar, ou simplesmente separar um bom filme para assistir acompanhada.
Perceber os gatilhos mentais que causam mudanças negativas no seu comportamento é algo de extrema importância. Assim você deixa de ser refém de suas próprias emoções e ainda aprende a lidar mais facilmente com os desafios diários. Você estará pronta para identificar o que pode te fazer mal e evitar prontamente.
Exemplos de gatilhos podem ser:
Muitas garotas, principalmente quem está no início da carreira, foca trabalhar muito e gastar todo o dinheiro. Considere ter metas de longo prazo, como comprar um carro ou apartamento, e não se esqueça de tirar pelo menos 1 dia por semana de folga, além de férias.
Adicionalmente, busque fazer coisas saudáveis todos os dias, como se alimentar bem, praticar atividades físicas e tomar um banho de sol.
Dedique também um tempo à hobbies e coisas que te dão prazer, como música, livros, passeios, etc.
Em momentos de desespero, é importante você ter um ombro amigo imediatamente. Seja sua família, seus amigos ou seu parceiro, procure alguém próximo que possa te fazer companhia e dar apoio.
Entre em contato com o Centro de Valorização da Vida através do site oficial, ou dos meios listados logo abaixo. A instituição realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntariamente todas as pessoas que precisam conversar, de modo totalmente sigiloso.
Telefone: 188
Email: https://www.cvv.org.br/e-mail/
Chat: http://cvvweb.mysuite1.com.br/empresas/cvw/verifica.php
Precisamos reforçar esse ponto, afinal, ele é de grande importância! É preciso identificar possíveis doenças ou transtornos psiquiátricos, além de desenvolver a melhor estratégia para tratar o problema em questão. Sendo assim, ir ao médico é essencial!
“Eu, Sayuri, sou neta de japoneses, e antes de completar um ano de vida, minha família decidiu se mudar para o Japão.
Moramos por muitos anos lá, até que, um a um, minha família toda voltou ao Brasil. Só eu fiquei. Não me via vivendo em outro país que não o Japão.
Contudo, à medida que os anos se passavam, crescia um vazio cada vez maior dentro de mim e não importava o quão bem eu ganhava, ou as viagens que eu fazia, ou os bens materiais que eu adquiria. Tudo era vazio, mesmo estando em um país de primeiro mundo, com uma qualidade de vida invejável.
Nada preenchia a solidão que eu sentia. Nada mais fazia sentido ou tinha importância.
Cheguei a fazer uma viagem para Tailândia em uma tentativa de superar e melhorar esse aperto em meu peito, e tudo que consegui foi ficar o tempo todo dormindo no hotel por falta de disposição. Eu estava com depressão séria e não queria admitir.
Trabalhar era a parte mais difícil, ter que guardar todo aquele furacão de sentimentos dentro de mim, e me obrigar a estar na presença de outra pessoa que não poderia saber a bagunça que eu estava. E tudo isso com um sorriso no rosto… não foi fácil!
Logo que consegui ter condições financeiras, contrariando a razão, que me dizia ser loucura começar do zero em um país quase que desconhecido pra mim, eu resolvi seguir o coração e ir atrás da minha alegria de viver, minha família!
Sinto uma alegria imensurável em dizer que deu certo, e mesmo com toda a dificuldade, pouco a pouco a vida foi voltando a ter cor, e eu consegui finalmente voltar a sorrir.
Se tem uma lição que aprendi com isso, foi a ser menos racional e ouvir mais meu coração. Caso contrário, com o passar do tempo as coisas passam a não ter mais sentido. Afinal de contas, se o cérebro para de funcionar ainda existe vida no corpo, mas se o coração para, não.
Só o amor é capaz de nos preencher por completo e devolver a alegria de viver. Pode ser o amor a alguém, ao seu bichinho ou a um sonho. Não importa, você deve sempre lutar e não desistir de ser feliz, de correr atrás do que nos faz realmente bem!
Então, nesse setembro amarelo, desejo muito amor à todos.
Com amor, Sayuri Suzuki. 💞”
“É normal ter que lidar com a solidão, a gente diz que não fica triste, mas é muito ruim ficar sozinha, sem amigos pelo pré julgamento das pessoas que não se aproximam de ti por causa da profissão, é muito difícil também ter uma amizade dentro dessa profissão, não da minha parte, mas é uma competitividade inconsciente entre as garotas. Além disso tudo, teve uma vez que eu estava sendo perseguida, o cara me ligava, me falava todos os lugares que eu tinha frequentado, tirava fotos de mim pelas costas.
Enfim, tudo isso se acumulou e fez com que eu desenvolvesse ansiedade e pânico, eu sempre tenho crises na rua. Eu já fiz tratamento psiquiátrico, mas não era minha praia sabe? Eu ficava me sentindo muito tonta com os remédios.
Eu quero fazer yoga, quero andar de bike, malhar, ter amigos, vida social… mas ao mesmo tempo eu me sinto presa dentro de mim. Sei que um dia vou me libertar com as terapias, mas é um processo.”